quinta-feira, 15 de abril de 2010

Comunismo


O Comunismo

Doutrina e sistema econômico e social baseados na propriedade comum de todos os bens e na igual distribuição da riqueza. - Doutrina dos Partidos Comunistas, forma de organização desses partidos ou dos países em que os mesmos se encontram no poder. O termo passou a ser mais utilizado a partir de 1840 quando a filosofia marxista surgiu na Europa. Sua origem se encontra nas obras de Karl Heinrich Marx (1818-1883) e Friederich Engels (1820-1895), filósofos alemães. Para os comunistas, o objetivo a longo prazo, era uma sociedade onde existisse igualdade e segurança econômica para todos. De imediato, reivindicavam a propriedade estatal - em vez da propriedade privada - das fábricas, das máquinas e dos demais meios de produção básicos. Reivindicavam também o planejamento governamental da atividade econômica. Os comunistas referem-se ao socialismo como um estágio inicial do desenvolvimento dos países comunistas. Consideram-no uma versão incipiente do desenvolvimento da sociedade comunista que pretendem construir. As idéias de Marx e Lenin foram a base comum para o surgimento do ideal comunista. O regime comunista varia muito de um país para outro. Mas o comunismo possui certas características básicas que estão mais ou menos presentes em todos esses países. O Partido Comunista é o principal instrumento dos comunistas para alcançar o poder e governar. Num país comunista, o partido comunista é o único existente. Em muitos países, o partido comunista segue o modelo do Partido Comunista da União Soviética. Os requisitos para filiação são rigorosos e o partido é extremamente exigente com seus membros para manter o controle da ética e responsabilidade. O partido é altamente centralizado, ou seja, os principais líderes escolhidos democraticamente tomam as decisões importantes. Eles exercem um papel fundamental em todas as principais decisões do governo e na execução dessas decisões. O partido é um elo entre as estruturas que suportam o sistema de poder, como o governo, a polícia, as forças armadas, a agricultura e a indústria. Nos regimes comunistas, o controle da economia é de responsabilidade do governo. O comunismo proíbe o trabalho assalariado para fins privados. Em muitos países comunistas, o Estado é proprietário da maior parte das terras, dos bancos, dos recursos naturais, da indústria, do comércio em grande escala e dos transportes. O governo tem também todos os meios de comunicação de massa, como a radiodifusão, a televisão, a publicidade e a produção cinematográfica. O Estado comunista luta para manter a economia do país alinhada sem diferenças raciais e economicas na população, havendo assim um acordo e progresso em conjunto da sociedade.

(Fonte: Grande Comunismo)

Anarquismo


Definição

Anarquismo pode ser definido como uma doutrina (conjunto de princípios políticos, sociais e culturais) que defende o fim de qualquer forma de autoridade e dominação (política, econômica, social e religiosa). Em resumo, os anarquistas defendem uma sociedade baseada na liberdade total, porém responsável.

O anarquismo é contrário a existência de governo, polícia, casamento, escola tradicional e qualquer tipo de instituição que envolva relação de autoridade. Defendem também o fim do sistema capitalista, da propriedade privada e do Estado.

Os anarquistas defendem uma sociedade baseada na liberdade dos indivíduos, solidariedade (apoio mútuo), coexistência harmoniosa, propriedade coletiva, autodisciplina, responsabilidade (individual e coletiva) e forma de governo baseada na autogestão.

O movimento anarquista surgiu na metade do século XIX. Podemos dizer que um dos principais idealizadores do anarquismo foi o teórico Pierre-Joseph Proudhon, que escreveu a obra "Que é a propriedade?" (1840).

(Fonte: Sua pesquisa.com)

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Álvares de Azevedo


Filho de Inácio Manuel Álvares de Azevedo e Maria Luísa Mota Azevedo, passou a infância no Rio de Janeiro, onde iniciou seus estudos. Voltou a São Paulo (1847) para estudar na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, onde desde logo ganhou fama por brilhantes e precoces produções literárias. Destacou-se pela facilidade de aprender línguas e pelo espírito jovial e sentimental.

Durante o curso de Direito traduziu o quinto ato de Otelo, de Shakespeare; traduziu Parisina, de Lord Byron; fundou a revista da Sociedade Ensaio Filosófico Paulistano (1849); fez parte da Sociedade Epicureia; e iniciou o poema épico O Conde Lopo, do qual só restaram fragmentos.

Não concluiu o curso, pois foi acometido de uma tuberculose pulmonar nas férias de 1851-52, a qual foi agravada por um tumor na fossa ilíaca, ocasionado por uma queda de cavalo, falecendo aos 20 anos. A sua obra compreende: Poesias diversas, Poema do Frade, o drama Macário, o romance O Livro de Fra Gondicário, Noite na Taverna, Cartas, vários Ensaios (Literatura e civilização em Portugal, Lucano, George Sand, Jacques Rolla), e a sua principal obra Lira dos vinte anos (inicialmente planejada para ser publicada num projeto - As Três Liras - em conjunto com Aureliano Lessa e Bernardo Guimarães). É patrono da cadeira 2 da Academia Brasileira de Letras.

Atualmente tem suscitado alguns estudos acadêmicos, dos quais sublinham-se "O Belo e o Disforme", de Cilaine Alves Cunha (EDUSP, 2000), e "Entusiasmo indianista e ironia byroniana" (Tese de Doutorado, USP, 2000); "O poeta leitor. Um estudo das epígrafes hugoanas em Álvares de Azevedo", de Maria C. R. Alves (Dissertação de Mestrado, USP, 1999).

Suas principais influências são: Lord Byron, François-René de Chateaubriand, mas principalmente Alfred de Musset.

Um aspecto característico de sua obra e que tem estimulado mais discussão, diz respeito a sua poética, que ele mesmo definiu como uma "binomia", que consiste em aproximar extremos, numa atitude tipicamente romântica. É importante salientar o prefácio à segunda parte da Lira dos Vinte Anos, um dos pontos críticos de sua obra e na qual define toda a sua poética.

É o primeiro a incorporar o cotidiano na poesia no Brasil, com o poemas Ideias íntimas, da segunda parte da Lira.


Segundo alguns pesquisadores, Álvares de Azevedo que teria escolhido o título "As Três Liras", pois havia uma garota - que até hoje ninguém sabe a identidade, muito bem escondida pelo Dr. Jaci Monteiro - que tocava esse instrumento.

Figura na antologia do cancioneiro nacional. E foi muito lido até as duas primeiras décadas do século XX, com constantes reedições de sua poesia e antologias. As últimas encenações de seu drama Macário, foram em 1994 e 2001.

(Fonte: Academia Brasileira de Letras)

O Santo Daime

Chá do Santo Daime (Ayahuasca)

Outros nomes
Chá do Santo Daime, yajé, caapi, vinho de deus. Na linguagem Quéchua, aya significa espírito ou ancestral, e huasca significa vinho ou chá.

Aparência
Os métodos de preparo variam conforme a tradição de cada local e da ocasião em que o consumo se dá. De qualquer maneira, o processo é longo e leva quase um dia para o preparo. As diversas beberagens geralmente contêm talos socados do cipó caapi (Banisteriopsis caapi) mais as folhas da chacrona (Psichotria viridis).

Efeitos
O chá de Santo Daime é um alucinógeno. Tal propriedade se deve à presença nas folhas da chacrona de uma substância alucinógena denominada N,N-dimetiltriptamina (DMT). O DMT é destruído pelo organismo por meio da enzima monoaminaoxidase (MAO). No entanto, o caapi possui uma substância capaz de bloquear os efeitos da MAO: a harmalina. Desse modo, o DMT tem sua ação alucinógena intensificada e prolongada.

Outras plantas amazônicas também possuem DMT e são utilizadas por diversas tribos indígenas como um modo de experiência religiosa. Entre estas estão a jurema (Mimosa hostilis) e o yopo (Anadenanthera colubrina). A jurema é consumida na forma de chá, enquanto as sementes do yopo são maceradas e seu pó, consumido pela via intranasal (cheirado).

Caráter religioso e sintomatologia
Seu consumo está associado a práticas religiosas e parece ser utilizada por tribos indígenas da Amazônia desde 2000 a.C. As seitas religiosas mais conhecidas no Brasil são o Santo Daime e a União do Vegetal. Os efeitos, desse modo, estão bastante relacionados aos rituais religiosos onde se dá o consumo, baseados na crença da possibilidade de contato com outros planos espirituais. Há semelhança entre os efeitos da ayahusca e alucinógenos, como o LSD.

Riscos à saúde
Pode haver sensação de medo e perda do controle, levando a reações de pânico. O consumo do chá pode desencadear quadros psicóticos permanentes em pessoas predispostas a essas doenças ou desencadear novas crises em indivíduos portadores de doenças psiquiátricas (transtorno bipolar, esquizofrenia).

História da Ayahuasca

Profª Drª Ana Cecília Marques 1
Hamer Nastasy Palhares 2

A Ayahuasca é conhecida em diferentes culturas pelos seguintes nomes: yajé, caapi, natema, pindé, kahi, mihi, dápa, bejuco de oro, vine of gold, vine of the spirits, vine of the soul e a transliteração para a língua portuguesa resultou em hoasca. Também é conhecida amplamente no Brasil como "chá do Santo Daime" ou "vegetal". Na linguagem Quechua, aya significa espírito ou ancestral, e huasca significa vinho ou chá (Luna & Amaringo, 1991; Grob et al., 1996). Este nome, tanto se aplica à bebida preparada por meio da mistura da Banisteriopsis caapi e da Psichotria viridis, quanto à primeira das plantas. Apesar das variações acerca das plantas usadas, farmacologicamente, boa parte delas são similares. Nesta revisão, o termo ayahuasca será usado para designar a bebida resultante da decocção destas duas plantas combinação.
As diversas preparações geralmente contêm talos socados da Banisteriopsis caapi ou espécies correlatas mais as folhas da Psichotria viridis. As plantas adicionadas à Ayahuasca ajudam a maximizar as experiências de estimulação visual e as sensações de contato com forças e locais sobrenaturais e divinos. Os métodos de preparo variam conforme o grupo, como um chá quente ou amassando-se junto à água fria, deixando-se em descanso por aproximadamente 24 horas. É um processo longo que leva quase um dia para o preparo, o que torna a "tecnologia" de produção insuficiente para a produção de grandes quantidades (Karniol & Seibel, Parecer do Grupo de Trabalho, 1986).

História
As origens do uso da Ayahuasca na bacia Amazônica remontam à Pré-história. Não é possível afirmar quando tal prática teve origem, no entanto, há evidências arqueológicas através de potes, desenhos que levam a crer que o uso de plantas alucinógenas ocorra desde 2.000 a.C.
No século XVI, há relatos de que os espanhóis e portugueses, detentores das florestas do Novo Mundo, observaram a utilização de bebidas na cultura indígena e recriminaram-na: "quando bêbados, perdem o sentido, porque a bebida é muito poderosa, por meio dela comunicam-se com o demônio, porque eles ficam sem julgamento, e apresentam várias alucinações que eles atribuem a um deus que vive dentro destas plantas" (Guerra, 1971).
O uso destas plantas foi condenado pela Santa Inquisição em 1616, o cerimonial persistiu de forma escondida dos dominadores Europeus. Os padres jesuítas descreveram o uso de "poções diabólicas" pelos nativos do Peru no século XVII.
A história moderna da Ayahuasca começa em 1851 quando o botânico inglês R. Spruce noticia o uso de bebidas que intoxicam entre os índios Tukanoan, no Brasil. Estes convidaram-no a participar de uma cerimônia que incluía a infusão que eles chamavam "caapi". Spruce apenas tomou uma pequena quantidade daquela "nauseous beverage", mas não se deu conta dos profundos efeitos que ela teve sobre seus amigos. Os Tukanoans mostraram a Spruce a planta da qual caapi derivava, e ele coletou espécies da planta e das flores. Spruce chamou-a de Banisteria caapi, e estudo posteriores levaram-no a concluir que caapi, yage e ayahuasca eram nomes indígenas para a mesma poção feita daquela videira.A Banisteria caapi de Spruce foi reclassificada como Banisteriopsis caapi pelo taxonomista Morton em 1931.
Em 1858, Spruce encontrou a mesma planta sendo usada na tribo Guahibo, na margem superior do rio Orinoco, na Colômbia e Venezuela, e, no mesmo ano, entre os Záparos dos Andes Peruanos, que denominavam-na Ayahuasca.
Simson's, em 1886 foi quem primeiro observou a mistura das plantas na confecção da Ayahuasca.
Apesar da coleta e identificação da Ayahuasca datar de 1851, os alcalóides já eram conhecidos desde a primeira metade do século XIX, o que se deve à facilidade de extração dos mesmos, bem como aos possíveis usos clínicos: logo, a Harmalina foi isolada da Peganum harmala em 1840. Sete anos depois, a Harmina foi identificada. A "telepatina" - harmina- foi identificada na "yajé" em 1905 (Zerda e Bayon).
O começo do século vinte foi marcado por mais confusão do que esclarecimentos acerca da Ayahuasca, muitos identificaram-na, equivocadamente, do ponto de vista da botânica. Até que, em 1939, Chen & Chen descobriu que tanto a caapi, yagé e ayahuasca eram a mesma bebida. Foram estes mesmos pesquisadores que confirmaram que a harmina, telepatina e banisterina eram a mesma substância.
Em 1957, Hochstein and Paradies encontraram, além de Harmina, também Harmalina e Tetrahidroharmina.
Em 68, identificou-se a N,N dimetiltriptamina (DMT) como outro alcalóide deste chá. Este já havia sido sintetizado em 1931 porém só foi identificado como substância natural em 1955, na planta Piptadenia peregrina (Anadenanthera peregrina).
Os princípios da ação farmacológica da Ayahuasca foram traçados na década de 60 e sugeriam a interação das beta-carbolinas presentes na Banisteriopsis e do DMT proveniente da P. viridis.
O estudo de Rivier & Lindgren identificou os alcalóides presentes na decocção em 1972, isto é: Harmina, Harmalina, Tetrahidroharmina e Dimetiltriptamina.

Antropologia e uso da Ayahuasca

Plantas com propriedades alucinógenas vem sendo utilizadas com finalidades místicas e religiosas em diferentes culturas primitivas (Andritzky, 1989; Callaway, 1996; Desmerchelier, 1996; Luna, 1984). Há relatos do uso das poções em toda a Amazônia, chegando à costa do Pacífico no Peru, Colômbia e Equador, bem como na costa do Panamá, sendo que foi reconhecida em pelo menos 72 tribos indígenas, com pelo menos 40 diferentes nomes.
Entre as diversas tribos da bacia Amazônica, a Ayahuasca é percebida como uma poção mágica inebriante, de origem divina, que "facilita o desprendimento da alma de seu confinamento corpóreo", voltando ao mesmo conforme a vontade e carregada de conhecimentos sagrados. Entre os nativos é usada para propósitos de cura, religião e para fornecer visões que são importantes no planejamento de caçadas, prevenção contra espíritos malévolos, bem como contra ataques de feras da floresta.
Antes da colonização européia, postula-se que as plantas inebriantes eram amplamente usadas com fins de bruxaria, rituais religiosos, cura e contato com forças sobrenaturais (Dobkin de Rios, 1972; Harner, 1973)
Entre os Tukanoans, o yajé é responsável pela arquitetura da tribo, pois as imagens geométricas induzidas pelo efeito do chá desempenham um importante papel na estrutura da vida cultural desta tribo, sendo que as experiências relacionadas à Ayahuasca pertencem a uma realidade mais nobre que a ordinária (Spruce, 1908).
Para os Cashinahua o uso da ayahuasca só deve ser feito em condições extremas pois é considerada uma experiência desagradável e amedrontadora. Os índios Jivaro do Equador, relatam que a experiência com Ayahuasca é a vida real, ao passo que a realidade cotidiana é apenas uma ilusão. As visões são guiadas e manipuladas pelos xamãs, o que resulta em visões grupais sintônicas, que são incluídas dentro dos rituais religiosos próprios destas culturas.
O uso da Ayahuasca sobreviveu aos ataques das culturas dominadoras e pouco a pouco espalhou-se para os mestiços chegando enfim às pequenas cidades da região Amazônica. Nestas cidades o uso da bebida foi redimensionado, sendo que os xamãs da Amazônia Peruana referem-se a si mesmos como vegetalistas. Estes "plant-doctors" ajudam as pessoas das áreas rurais e as populações pobres da áreas suburbanas que geralmente não têm outras opções em situações críticas na esfera da saúde física, mental e em "problemas sobrenaturais" (Luna, L. E., 1984).
Tais vegetalistas apresentam a tendência a especializarem-se em algumas poucas plantas e usam estes "ensinamentos" em sua prática. Assim, há tabaqueiros que usam tabaco, "toeros" que usam várias espécies de Brugmansia species; "catahueros" que usam resinas da catahua (Hura crepitans), "perfumeros" que usam diversas espécies de plantas com aromas fortes e por fim os "ayahuasqueros" que se utilizam da ayahuasca em seus rituais.
Os Xamãs usam a bebida em um contexto de cura. Eles tomam a Ayahuasca para melhor diagnosticar a natureza da doença do paciente. Vegetalistas podem receber o dom da cura por meio de espíritos da floresta e seu papel é o de, muitas vezes, intermediar a transmissão do conhecimento médico para o mundo dos humanos, possibilitando assim a cura.
Os espíritos "plant teachers" são responsáveis por ensinarem aos xamãs algumas músicas sobrenaturais chamadas "icaros", tanto dentro das sessões de ayahuasca quanto durante os sonhos que se seguem. Os "plant teachers" dão estas canções mágicas aos xamãs ou vegetalistas então estes podem cantá-las ou sussurrá-las durante a sessão de cura. Segundo a explicação dos xamãs, quando uma pessoa se torna doente, seu "padrão energético torna-se distorcido". Sob a influência da Ayahusca, o xamã pode ver a distorção e corrigí-la através de massagens, sucção, plantas medicinais, hidroterapia e restauração da alma do doente.
A similaridade entre estes métodos xamãs e as técnicas orientais podem ser notadas. De forma interessante, os xamãs escolhem plantas medicinais baseados em características visuais, como formas e cores. Por exemplo, uma planta que produz flores de formas semelhantes a uma orelha podem e devem ser usadas para tratamento de doenças relacionadas à orelha e audição. Parte do treinamento dos xamãs, logo, envolve a prática de reconhecer e aprender a respeito dos poderes das plantas e dos animais e suas "virtudes escondidas".
É digno de nota o fato de que muitos xamãs não usam os ensinamentos da Ayahuasca com pessoas que estejam doentes mentalmente.
Outra tentativa de uso curativo da Ayahuasca foi empreendido na província de San Martin, no Peru, na década de 80, por um grupo misto de médicos franceses e peruanos, na tentativa de facilitar o tratamento da dependência química à pasta de cocaína, sendo que não se conhece nenhum estudo científico controlado, que possa corroborar este resultado (Mabit, 1996).

Ayahuasca e religião
No século passado, além do consumo da mistura entre as populações indígenas, várias igrejas adotaram o uso da ayashuasca em rituais sincréticos, especialmente no Brasil, onde os efeitos psicoativos são acoplados a conceitos das doutrinas Judaica, Cristã, Africana entre outras. As principais religiões deste módulo incluem a UDV (União do Vegetal), CEFLURIS (Santo Daime), Barquinha e o Alto Santo (Labilgalini Junior, 1998).
O uso da hoasca dentro de tais contextos religiosos foi oficialmente reconhecido e protegido pela lei no Brasil em 1987. Tais seitas incluíram a Ayahuasca em seus rituais de comunhão como um simbolismo comparável ao "pão e vinho". Estas igrejas argumentam que a poção ajuda a promover concentração pronunciada e contato direto com o plano espiritual. Segundo a União do Vegetal, a beberagem é o "veículo, meio" da ação religiosa e não o fim.
Calcula-se que o número de pessoas que fazem uso regular da Hoasca (i.e., aproximadamente 1x/mês), na América do Sul, excluindo-se as populações indígenas, poderia chegar a 15.000, isto em 1997 (Luna, L. E., 1997).
A primeira destas igrejas começou a ser formada na década de 1920 no Brasil, e hoje dois grupos, a União do Vegetal (UDV or 'Herbal Union') e o Santo Daime, continuam em amplo processo de crescimento. Estas igrejas neo-cristãs espalham-se pelas áreas urbanas das grandes cidades, em rituais que se repetem em geral uma vez por semana ou quinzena. Os membros da igreja cultivam as plantas necessárias ao feitio do chá, supervisionam seu preparo e estocagem. Em algumas religiões não é incomum que membros da seita, dado a longa duração dos cultos, tomem várias doses durante o curso de uma noite.
A UDV é a maior e mais organizada destas religiões e não permite o uso de Ayahuasca por pessoas que não sejam membros já efetivos da seita. É também contrária a uso de drogas bem como ao uso da Ayahuasca fora do contexto religioso, pois a considera "inadequada ao uso indiscriminado por parte de pessoas não-iniciadas e sem a orientação de um dirigente religioso".
Enquanto o uso regular da Ayahuasca ocorre raramente entre os indígenas- mesmo que a considerável porcentagem destes tenham-na experimentado em alguma fase de suas vidas- entre os membros das igrejas o consumo é estável numa base semanal ou quinzenal, dentro dos contextos cerimoniais.
Dentro da perspectiva religiosa, o potencial de expansão das seitas que usam ayahuasca é largo. Através da incorporação de uma substância psicoativa de tal peso em cerimônias religiosas podem ser alcançados efeitos nas práticas religiosas antes inexeqüíveis.

Ayauhuasca e a expansão do consumo
É crescente o uso da Ayahuasca, inclusive nas Américas e Europa (Callaway & Grob, 1998) o que se deve a vários fatores: o volume de publicações literárias de impacto bem como a mídia do depoimento de pessoas famosas (Cazenave, 2000); os "Works" da seita Santo Daime em diferentes países; a facilidade de aquisição de pacotes de turismo, o que por muitos é conhecido por "drug tourism" onde os usuários, em busca de experiências novas, aventuram-se por expedições floresta adentro onde são realizados rituais em que é convidado a beber a Ayahuasca, geralmente não inclusa no preço inicial. Tais pacotes podem girar por volta de U$1100 a 1300, o que não é tão caro se comparado a uma sessão de Ayahuasca que pode sair por U$800 no "underground" norte americano, conforme aferidos na internet. Alguns destes sites dizem que o pacote não inclui o uso da beberagem e que não se trata de "Ayahuasca tourism", no entanto, recomendam, paradoxalmente, que as pessoas se abstenham de alimentos que possam levar a interações medicamentosas com os IMAO.
O crescente número de indivíduos que vem experimentando a Ayahuasca de maneira descontextualizada, visitas a seitas com o único intuito de conhecer a bebida, e a atual possibilidade de se usar a Pharmahuasca: combinação sintética dos ingredientes psicoativos da Ayahuasca (Ott, J. 1994; Ott, J. 1999). Outra forma crescente de se usar a combinação de ingredientes ativos da Ayahuasca é por meio da "Anahuasca", (Ayahuasca borealis), ou seja, combinação de plantas que produzem resultados semelhantes: esta possibilidade leva a incontáveis combinações de plantas que poderiam produzir, em diferentes graus, o "Efeito Ayahuasca" (Ott, J; 1999).

1 Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo
2 Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas (UNIAD) da Universidade Federal de São Paulo


(Fonte: Equipe Álcool e Drogas sem Distorçã)

A Erva do Diabo


O autor, diplomado em Antropologia pela Universidade da Califórnia, vive durante cinco anos com D. Juan, um velho índio Yáqui de Sonora no México. Seu objetivo era colher algumas experiências sobre o peiote e outras plantas alucinógenas com o velho feiticeiro. Mais do que um simples trabalho de etnografia onde o autor suspende a realidade para descobrir as estruturas ocultas que governam o mundo aparente, Carlos Castañeda neste trabalho mergulha a fundo no mundo do feiticeiro e trás, acredito que pela primeira vez, a experiência humana do antropólogo que se coloca na posição de aprendiz de feiticeiro.
O livro consiste de entrevistas realizados pelo autor com D. Juan ao longo destes cinco anos em que o velho feiticeiro se propõe a fazer de seu aprendiz um homem de conhecimento,
ou seja, um bruxo ou feiticeiro. Durante o aprendizado, Castañeda realiza experiências com mescalito
, a yerba del diablo
e o humito
, respectivamente o peiote, a datura e um tipo de cogumelo e aprende a manipular a realidade através de seus estados de realidade não comum
, como foram os mesmos denominados pelo autor. Aventuras e desventuras ao longo do aprendizado são narradas de forma apaixonada e numa árdua busca de compreendê-las para traduzi-las em linguagem aceita pela comunidade científica, termina o trabalho com uma análise estrutural do homem de conhecimento
e do processo operacional do mestre para garantir o aprendizado do aluno.
Adorado por uns e estigmatizado por outros tantos como um etnógrafo que não soube se separar de seu objeto de estudo, Castañeda inaugura na antropologia o cientista que se torna cobaia de suas próprias experiências (como A. Huxley e T. Leary o foram para a psicologia) fazendo um relato da realidade humana e não apenas uma interpretação que equivale a essa mesma realidade.

Carlos Castaneda


Carlos Castaneda ou Carlos Aranha Castaneda (25 de dezembro de 192527 de abril de 1998) foi um escritor e antropólogo formado pela Universidade da Califórnia (UCLA); notabilizou-se após a publicação, em 1968, de sua dissertação de mestrado intitulada The Teachings of Don Juan - a Yaqui way of knowledge, lançado no Brasil como A Erva do Diabo.

Em 1973 revê os conceitos apresentados na primeira obra em uma versão de sua tese de Phd intitulada Journey to Ixtlan - Lessons of Don Juan (Viagem a Ixtlan). Sua obra consiste em onze livros autobiográficos no qual relata as supostas experiências decorrentes de sua associação com o bruxo conhecido por Don Juan Matus, índio da tribo Yaqui do deserto de Sonora, no México. Um 12° livro chamado Magical Passes (Passes Mágicos) foi lançado, mas destoa do conjunto da obra, se aproximando mais de um manual prático de aplicação de exercícios corporais.

A Erva do Diabo se tornou um best-seller entre os jovens do movimento hippie e da contracultura, que rapidamente elegeram Castaneda um guru da nova era e formaram legiões de admiradores que queriam, por conta própria, reviver as experiências descritas no livro.

Uma controvérsia se formou em torno de sua figura tanto por parte de admiradores, que queriam encontrar Don Juan pessoalmente e de alguma forma fazer parte do processo de aprendizado, quanto de céticos, que queriam encontrar motivos para desacreditá-lo academicamente, argumentando que o testemunho fornecido em seus escritos era ficional e apontando a escassez de fontes documentais sobre sua pesquisa de campo junto ao mestre indígena.

Em 1973, no auge de sua fama, a conhecida revista norte-americana TIME publicou uma extensa matéria de capa sobre o autor. Esta só foi conseguida depois de muita insistência junto aos agentes literários do autor que, inclusive, posou para fotos em ângulos parciais, o que sempre evitava a todo custo. A abrangente matéria notabilizou-se por publicar o resultado de uma suposta investigação envolvendo a biografia de Castaneda antes da fama, e tinha entre seus objetivos implícitos e explícitos, o propósito de retratá-lo como um mentiroso. A reportagem alega que Castaneda era peruano, nascido na andina cidade de Cajamarca, cuja origem remonta ao império inca. A reportagem cita amigos da terra natal e mesmo uma irmã de Castaneda falando sobre traços da personalidade de Castaneda, como alguém dono de imaginação fértil e entregue ao vício do jogo. Segundo ela, Castaneda seria filho de um relojoeiro e teria nascido no ano de 1925. Aos 24 anos, em 1951, teria decidido imigrar para os EUA após a traumática morte da mãe. No livro de entrevistas Conversando com Carlos Castaneda, da jornalista Carmina Fort, Castaneda, décadas depois, lamenta a decisão da TIME de publicar estes dados, que teriam sido inseridos porque ela "precisava de uma história". O autor ironiza o esforço da matéria em situar sua ascendência junto a índios sul-americanos.

Segundo o próprio Castaneda, ele teria nascido no Brasil, em 1935, no extinto município de Juqueri, hoje Mairiporã, acidentalmente, no meio de uma família conhecida. Um parente - pelo lado paterno - era o famoso diplomata brasileiro Oswaldo Aranha, presidente da ONU e embaixador em Washington por duas vezes. Seu pai, posteriormente um professor de literatura, tinha apenas 17 anos, e sua mãe, 15. Após a morte de sua mãe, quando tinha 6 anos, sua criação ficou a cargo dos avós maternos, pequenos proprietários rurais de uma granja. Episódios da sua infância no interior de São Paulo são descritos primeiramente em Viagem a Ixtlan e com mais detalhes em seu último livro, O Lado Ativo do Infinito. Semi-abandonado pelo pai, o autor guardou mágoa em relação a ele durante toda a vida, retratando-o algumas vezes como um homem fraco e sem propósito. Em um dos seminários que deu no final da vida, afirma que o pai havia se casado de novo e tido uma outra filha, e possuía uma grande biblioteca, tendo se tornado um notável leitor.

O jovem Castaneda foi enviado para um importante colégio de Buenos Aires, o Nicolas Avellaneda, onde permaneceu até os 15 anos estudando e onde provavelmente aprendeu o espanhol que mais tarde viria exercitar no México. Tornando-se um problema para a família pelo seu comportamento revoltoso, Oswaldo Aranha, seu tio famoso e patriarca da família, teria intercedido para que ele arrumasse um lar adotivo em Los Angeles, Califórnia, em 1951. Depois de se formar na Hollywood High School, tentou cursar Belas Artes em Milão, na Itália, mas abandonou o curso por falta de afinidade, voltando então para os EUA e matriculando-se no curso de Psicologia Social da UCLA, escolha que seria alterada posteriormente ao mudar o curso para antropologia.

Como relata em entrevista para Sam Keen, pensando em ir para o curso de antropologia, buscava a publicação de um paper para dar início à carreira acadêmica. Havia lido e escrito um pequeno ensaio sobre o livro de Aldous Huxley, As Portas da Percepção, que havia celebrizado no mundo ocidental os efeitos psicotrópicos da mescalina, alcalóide alucinógeno presente em grandes quantidades no botão do cacto de peiote, que era usado de forma ritual por vários povos indígenas americanos. Pesquisou o tema das plantas medicinais em livros como o de Weston La Barre, O ritual do peiote e partiu para o trabalho de campo. Foi então para o estado de Arizona, onde conheceu o índio brujo conhecido como Don Juan. Este viria a ser seu guia, e é personagem central nos livros autobiográficos que escreveu. O encontro com o índio foi um episódio marcante, que é recontado várias vezes na sua obra. Numa estação rodoviária, indicado por um colega da faculdade, Castaneda aproximou-se e apresentou-se como especialista em peiote, convidando o índio a lhe conceder entrevista. Como não sabia virtualmente nada a respeito do cacto, segundo relata, Don Juan teria captado sua mentira e devolvido-a com um olhar. Este olhar foi bastante significativo, pois Castaneda, normalmente um homem falante e extrovertido, ficou sem ação e tímido ao ser perscrutado. Nas explanações posteriores, diz que Don Juan o havia capturado com o olhar mostrando-lhe o nagual, pois havia visto que Castaneda poderia ser o homem que ele procurava para lhe passar seu conhecimento. Depois de mais alguns encontros, Don Juan lhe anuncia sua decisão e decide levá-lo a experimentar as plantas medicinais que Castaneda tanto pedia.

Aos poucos o jovem ocidental e acadêmico foi sendo posto ao encontro de experiências cognitivas que desafiavam o poder de explicação de sua razão, sendo forçado finalmente a mudar toda a sua concepção de mundo em prol das novas explicações que o mestre lhe fornecia e que ia compreendendo, gradualmente. Como explica no sexto livro, O Presente da Águia, o sistema de interpretações e crenças que se dispôs a estudar terminou por engalfinhá-lo, ao se revelar tão ou mais complexo que o sistema "ocidental" de interpretações do mundo. Este é um ponto chave da obra, antes inédito na antropologia e uma das fontes das acusações difamadoras que foi recebendo aos poucos. Pela primeira vez um estudioso e intelectual ocidental admitia a inoperância das suas ferramentas teóricas para classificar o objeto de estudo. O jovem ocidental viu-se forçado a admitir sua fraqueza e sua vida desordenada e vazia e um indígena aparecia como um "caçador e um guerreiro", dono de um propósito inabalável e capaz de manipular e influenciar profundamente sua percepção e visão de mundo.

Em junho de 1998, foi divulgada, muito discretamente, a notícia da morte de Carlos Castañeda, ocorrida supostamente dois meses antes, em função de um câncer.


Livros

  • A Erva do Diabo (The Teachings of Don Juan: A Yaqui Way of Knowledge - 1968)
  • Uma Estranha Realidade (A Separate Reality: Further Conversations with Don Juan - 1971)
  • Viagem a Ixtlan (Journey to Ixtlan: The Lessons of Don Juan - 1972) - Esse livro foi a tese de PhD de Castaneda na UCLA em 1973 com o título: "Sorcery: A Description of the World"
  • Porta Para o Infinito (Tales of Power - 1975)
  • O Segundo Círculo do Poder (The Second Ring of Power - 1977)
  • O Presente da Águia (The Eagle's Gift - 1981)
  • O Fogo Interior (The Fire from Within - 1984)
  • O Poder do Silêncio (The Power of Silence: Further Lessons of Don Juan - 1987)
  • A Arte do Sonhar (The Art of Dreaming - 1993)
  • Readers of Infinity: A Journal of Applied Hermeneutics - 1996 - Diários do trabalho de Castaneda com suas discípulas ainda não traduzido.
  • Passes Mágicos (Magical Passes: The Practical Wisdom of the Shamans of Ancient Mexico - 1998)
  • O Lado Ativo do Infinito (The Active Side of Infinity - 1999)
  • Roda do Tempo (The Wheel Of Time : The Shamans Of Mexico - 2000) - uma antologia de citações comentadas.
(Fonte: Wikipédia)

Charles Bukowski


Biografia do velho safado

Charles Bukowski é um dos escritores contemporâneos mais conhecidos dos EUA, e alguns diriam que é o poeta mais influente e o mais imitado. Nasceu no dia 16 de agosto de 1920 em Andernach, na Alemanha, filho de um soldado americano e uma mãe alemã e mudou-se para os EUA com três anos de idade. Cresceu em Los Angeles e lá viveu durante 50 anos. Publicou seu primeiro conto em 1944, com 24 anos de idade, e começou a escrever poemas com 35. Morreu em San Pedro, Califórnia no dia 9 de março de 1994 com 73 anos, pouco depois de ter terminado seu último romance: Pulp (1994).

Publicou mais de 45 livros de prosa e poesia enquanto estava vivo, incluindo os romances Cartas na Rua (1971), Factotum (1975), Mulheres (1978), Misto Quente (1982) e Hollywood (1989). Seus livros mais recentes são as publicações póstumas de Open all night: new poems (2000), Beerspit Night & Cursing: The correspondence of Charles Bukowski & Sheri Martinelli 1960-1967 (2001), the night torn mad with footsteps (2001), Sifting Through the Madness for the Word, the Line, the Way: New Poems (2003).

No Brasil os últimos livros publicados são Hino da tormenta (2003) e Tempo de vôo para lugar algum (2004) que correspondem à primeira e à segunda parte do livro Open All Night: new poems.

A Editora Conrad lançou em 2000 a biografia do Bukowski escrita por Howard Sounes e intitulada Charles Bukowski - Vida e loucuras de um velho safado.

(Fonte: Editora Espectro)